quarta-feira, 24 de setembro de 2014

politica

Lavareda: 'Críticas e boatos detêm subida de Marina'

Do blog do Noblat 

Para o sociólogo Antonio Lavareda, os ataques detiveram um processo que parecia irreversível, o crescimento acentuado da substituta de Eduardo Campos, morto em trágico acidente em 13 de agosto último.
Lavareda destaca o elevado desejo de mudança da sociedade, na casa de 70% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha, e o índice de rejeição de Dilma de 41%, que são os eleitores que não votariam nela de jeito nenhum.
“No segundo turno, o candidato mais rejeitado, na maioria das vezes, perde a eleição”, disse em entrevista ao blog.
Ainda de acordo com o especialista em comportamento eleitoral e campanhas políticas, a candidatura de Aécio Neves (PSDB) não decolou por dois motivos: nível baixo de conhecimento dele e pouca penetração no Nordeste, reduto político do PT.
Por que Marina Silva apanha tanto na propaganda da Dilma e não despenca nas pesquisas?
Ela não cai, mas parou de crescer. Parou de crescer embora a principal adversária tenha uma rejeição muito elevada, embora tenha um vento soprando forte de mudança, embora ela seja identificada com as atitudes contra o atual sistema. É possível que as críticas que ela vem recebendo tenham detido esse processo que parecia irreversível de crescimento dela.
Por que a Dilma tem ampla vantagem na propaganda eleitoral e um leque de aliança jamais visto no país e mesmo assim não consegue avançar nas pesquisas?
Porque tem uma demanda na sociedade de mudança. Recente pesquisa quantificou que 70% dos eleitores querem mudanças expressivas ou totais. A presidente tem uma avaliação positiva há meses inferior a 40% e índice de rejeição de 41%. Isso torna difícil o avanço de Dilma nas pesquisas de intenção de voto.
De que forma tem impacto no segundo turno o alto índice de rejeição de Dilma?
Porque circunscreve um mercado eleitoral do candidato ao percentual que sobra. Se a rejeição se mantiver a 41%, ela vai competir somente com 59% do eleitorado, enquanto o mercado da Marina é maior. Ela vai tentar buscar voto em 75% dos eleitores. No segundo turno, o candidato mais rejeitado, na maioria das vezes, perde a eleição.
Por que o discurso de Aécio não colou?
Aécio tem um nível de conhecimento baixo. O Datafolha declara que apenas 46% dos eleitores o conhecem bem ou um pouco. A Marina tem 55% e a Dilma tem 83%. Esse problema de conhecimento se traduz em outras dificuldades. Ele não conseguiu penetrar no Nordeste, onde a Dilma e o PT sempre foram fortes. O Eduardo Campos facultou à Marina espaços como Pernambuco, Paraíba, Alagoas. Essa é uma região onde Aécio fica reduzido a um dígito. No momento em que estava começando a campanha para aumentar o crescimento, a cena foi tomada de supetão por esse furacão que foi o reingresso de Marina Silva na campanha.
Por que há fadiga do eleitor com a trinca PT, governo federal e Dilma?
Essa fadiga é pelo tempo de duração do governo. Quanto maior o tempo de duração de um partido no poder, menor a probabilidade de esticar sua permanência. Nos Estados Unidos, sede de eleições modernas, de 1952 até agora, apenas uma vez um partido conseguiu ficar três mandatos para presidente da República, que foi o Partido Republicano, com George Bush sucedendo Ronald Reagen, que tinha vencido duas eleições.
Uma derrota de Dilma abre as portas para o Lula voltar em 2018?
A eventual derrota da Dilma fará com que o PT venha a competir nas próximas eleições com seu principal quadro, o Lula. Como estará a imagem de Lula caso a Dilma perca, não sabemos. É provável que qualquer vitorioso da oposição, durante o mandato, aprofunde as investigações sobre os problemas ocorridos na Petrobras e em outras empresas públicas.
Faltam líderes nacionais ao PT?
Atualmente, nas perguntas de identificação partidária, pesquisa do Datafolha mostra que o PT tem a preferência de 16% dos eleitores. O número é alto, mas bem menor do que os 25% que o PT desfrutava nas eleições anteriores. O PT teve uma derrota política grande com o mensalão, com o julgamento e com a prisão de alguns desses quadros. O PT perdeu vários quadros promissores: os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci e João Paulo. 
 Escrito por Magno Martins, às 20h40

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